"Carnavalha" titubeante e alienante

(o sofrimento do povo angolano - 2008)


Eis que o enfastiado Momo retorna das cinzas para mais uma festa daquelas neste tal de "carnaval".
Já que os bons bailes acabaram, a irreverência anárquica é passado, a alegria solta e arredia fica por conta das incontáveis festas de rua, trios elétricos e desfiles metódicos repetitivos das agremiações de samba.
Convivi por mais de dez anos nas tais "escolas" e aprendi muito.
Muito como não ser, não ter e não querer.
Momo, nosso alvará epopéico de liberdade e riso, hoje é um mestre cansado das coisas que na "avenida" vem sendo apresentada.
Confesso que não tenho paciência para assistir os desfiles das escolas
de samba. O fazia por prazer ao ofício de uma arte que tentava impor nas comissões de frente que criava e dirigia.


(bundas irreverentes - 2005)

E quando esse prazer acabou (afinal o sofrimento precisa de dia e hora para acabar). Acabou. Fim da festa, das coreografia tresloucadas e das tentativas de ir além do comum e do óbvio enburrecedor.


(os olhos da cegueira - 2007)

Lidar com os atores em teatro, cinema e tv requer uma compreensão incomun.
Lidar com os "atores componentes" (?) de uma agremiação de samba e sua "comitiva diretiva", requer santidade pagã. Isso mesmo.


(o bem e o mal diante de nós - 2003)

Ao carnaval (diga-se desfiles) - as bananas. Os balangandãs e as miçangas e todo o luxo falso dos quatro dias de folias não mais representam o rompimento das hierarquias e da explosão de encantamento e festa. Vamos assistir (eu não vou) ao marchar de miseráveis crentes fiéis a um rei que não está nú. Nú está o povo mesmo coberto do plástico barato ornado e do sorriso acanhado.


As fotos acima são referentes as comissões e frente que criei, dirigi e coreografei nos Desfiles das Escolas de Samba de São Paulo.
Fui premiado como melhor coreógrafo com o Troféu Nota 10 em 2000 (grupo especial) e 2007 (grupo de acesso).

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